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Quanto tempo você tem para perder
tempo? Você já pensou nisso? Porque até pra pensar, hoje em dia, às vezes nos
falta tempo. E perder esse bem tão valioso na sociedade em que a gente vive é
um pecado quase que mortal, visto que o ritmo é frenético e não perdoa.
Isso acontece porque a gente vive
acelerando, o tempo todo atropelando as coisas e não pisa no freio nunca. No
domingo a gente já pensa na segunda, na segunda a gente já pensa na terça, em
novembro a gente já pensa em janeiro, e por aí vai, um excesso de antecedência
descabido. Não estou falando aqui de não se planejar ou não pensar e enxergar o
futuro. Não. Estou falando meus caros, do lado qualitativo do nosso tempo e da
necessidade que a gente tem (ou parece ter) de fazer uma coisa pensando em
outra, ou de estar sempre fazendo e sempre pensando.
Mas até que ponto essa correria que
a gente vive é saudável? A gente tá sempre ocupado e sempre falta tempo pra
tudo. Tem dia que eu chego a pensar porque o meu dia não tem mais de 24 horas. E
tem dia que eu não desligo, continuo funcionando, produzindo, mesmo dormindo. Oh
céus! Pra quê?! Acho que saudável mesmo é perder tempo de vez em quando. Sim,
perder tempo, isso é uma sabedoria. E eu poderia até lançar uma máxima agora: falta
de tempo é para os fracos, os fortes sabem perder tempo. E a qualidade que eu
falo pra vocês do tempo, está também aqui em como perdê-lo.
O escritor e jornalista Fabrício
Carpinejar tem uma crônica chamada “Tempo
é ternura” e ele fala sobre o quanto perder tempo faz bem para as relações
humanas e que perder tempo é a maior demonstração de afeto. Ele diz: “Perder
tempo é transformar a agenda concorrida e lotada em diário, ou seja, intensificar
os gestos (...) intensidade é paciência, é capricho, é não abandonar algo
porque não funcionou. É começar a cuidar justamente porque não funcionou.”.
E eu digo a vocês: saber perder
tempo é parar de querer controlar a rotina o tempo todo e viver acima dessa
obsessão maluca e desenfreada de não estar onde você está ou de estar aonde
você ainda vai estar. Permita-se viver na cadência do seu tempo. Perca tempo!
Este belo e brilhante texto lembrou a música do sábio e maravilhoso Lenine. "Mesmo quando tudo pede um pouco mais calma, mesmo quando tudo pede um pouco mais de alma, a vida não pará..." Por isso algumas pessoas tem esta relação desenfreada com o tempo, acredito eu!
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